Semana do Servidor: TJDFT promove palestra sobre saúde mental e bem-estar

Na tarde dessa quarta-feira, 22/10, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), por meio da Escola de Formação Judiciária (EjuDFT), promoveu a palestra “Da Saúde ao Bem-Estar”, ministrada pelo neurocientista e professor mineiro Daniel Hosken. O evento marcou a abertura do Fest Saúde Total 2025, no auditório Sepúlveda Pertence, e contou com a presença do 1º vice-presidente, desembargador Roberval Belinati, do secretário de Saúde (Sesa) do Tribunal, Tomaz de Aquino, e da titular da Coordenadoria de Planejamento e Promoção da Saúde (Coplas). Marcella Bittecount.

“Este evento, que integra a Semana do Servidor, é um convite à reflexão, ao cuidado e à valorização da vida em sua plenitude. Vivemos tempos em que o bem-estar no ambiente de trabalho deixou de ser um luxo e passou a ser uma necessidade. O TJDFT, atento a essa realidade, reafirma seu compromisso com a saúde integral de seus magistrados, servidores e colaboradores. O FEST 2025 é expressão concreta desse compromisso, alinhado à Resolução CNJ 207/2015, ao Plano de Logística Sustentável, ao Programa Pró-Equidade e Diversidade e à Agenda Ambiental da Administração Pública – A3P”, afirmou o desembargador, em seu pronunciamento. 

Por sua vez, o secretário de saúde ressaltou os casos de afastamentos do trabalho relacionados ao adoecimento mental. “O cuidado para ser efetivo tem de ser uma ação realizada tanto pela instituição quanto pelos que trabalham nela. Vivemos um tempo em que o adoecimento mental se tornou um dos maiores desafios para as instituições públicas. Estudos nacionais mostram que, em algumas carreiras do serviço público, os transtornos relacionados ao estresse, ansiedade e a depressão já correspondem a mais de 30% do afastamento do trabalho”, disse.  

De acordo com o médico, no próprio do Judiciário, o cenário é semelhante. Há uma sobrecarga emocional, alta responsabilidade e o ritmo de trabalho intenso, tendo impacto direto na saúde e na qualidade de vida de servidores e magistrados. “Esses números nos convidam à ação. Precisamos fortalecer os ambientes de trabalho, tornando-os mais saudáveis, solidários e seguros, onde o diálogo, a empatia e a prevenção sejam prioridades institucionais”. 

Equilíbrio 

A palestra inaugural propôs um olhar atento e científico sobre o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a importância da autogestão emocional e os caminhos para uma produtividade mais leve e sustentável. O especialista Daniel Hosken trouxe reflexões práticas baseadas na neurociência aplicada ao comportamento humano, com abordagens sobre motivação, segurança psicológica e equilíbrio interno. “Saúde mental começa pela mente trabalhando de uma maneira funcional. Saúde da mente, ou seja, a mente conseguir executar suas funções, que todos nós, como pessoas, profissionais, adultos, precisamos fazer”. 

O pesquisador observou que a NR1, que fala sobre segurança de trabalho, foi ressignificada e, a partir de agora, as empresas vão precisar de forma não só subjetiva, mas quantitativa, prestar contas sobre a saúde mental e bem-estar dos funcionários. “Como se faz isso na prática? Como eu sei se estou com saúde mental ou não?”, questionou ele à plateia.  

“Um dos princípios da nossa espécie é a evolução, porém a gente não consegue de forma exponencial. Pela primeira vez na história, a gente está ali [apontando para um gráfico no slide] e tem uma distância. Alguns chamam isso de ansiedade, estresse, conflitos, mas essas distâncias aqui criam paradoxos. Uma era de excesso de informações, temos resistência à mudança. Uma era de excesso de conexões disponíveis e percebemos as pessoas cada vez mais desconectadas entre si. Excesso de oportunidades, e muitos não aproveitam, entrando no modo de reatividade frente à possibilidade de mercado”.  

Segundo o neurocientista, quem está passando por tudo isso é o nosso cérebro. Numa era de paradoxos, mais informações, mais estímulos, mais oportunidades, paradoxalmente, mais cansaço, mais distração, e talvez sensações baixas de satisfação. “Um cérebro analógico em um mundo digital. Por vezes, eu pensava ‘será que eu tenho algum defeito que não estou conseguindo me adaptar?’ Na realidade, é a pressão de contexto de mundo que tensiona nosso cérebro e nosso corpo. Um dos outros paradoxos que a gente vive é, numa era de excessos, menos é mais”, refletiu ele.

Conforme os estudos de Hosken, o profissional que cuida da saúde mental necessariamente tem que conviver com o não, com o filtro, com o saber priorizar. “Eu sei que eu tenho tanto de coisa para fazer, porém nesse momento eu escolho deliberadamente falar ‘não’ para algumas coisas, porque não tem como fazer tudo. E a urgência que chega realmente é uma urgência ou é um senso de urgência do terceiro que tenta imputar em mim uma urgência do outro?”, pondera ele, entre outras reflexões que propôs à plateia presente.  

Fest 2025 

A programação do Fest 2025 vai de 22 a 28 de outubro e propõe uma semana dedicada ao cuidado, à reflexão e à promoção do equilíbrio entre corpo, mente e propósito, em sintonia com o tema deste ano: “FloreSER: cultivando cuidado, segurança e bem-estar no trabalho”. A iniciativa reforça o compromisso do TJDFT com o cuidado, a empatia e a valorização do humano em cada decisão.  

Reserve um tempo para você e participe da  programação do Fest 2025. 

Confira o álbum de fotos da palestra.

Imagens: Bárbara Leite.