PMSE na Vanguarda da Paz: A história de dedicação de Sergipe nas Missões da ONU
Desde 1994, oficiais da Corporação representam o Brasil em operações de estabilização em Moçambique, Timor Leste e Haiti, construindo um legado de excelência e compromisso global
A Polícia Militar de Sergipe carrega com orgulho um legado que ultrapassa as fronteiras do país: a participação em Missões de Paz das Nações Unidas (ONU). Desde 1994, nossos policiais militares têm escrito capítulos significativos na promoção da segurança e da estabilidade global, representando com excelência o Brasil e Sergipe no cenário internacional.
O Pioneirismo em Moçambique (1994)
A trajetória da PMSE nas operações de paz começou de forma pioneira na Missão das Nações Unidas em Moçambique (ONUMOZ). Os então 1º tenentes Abiner Lobo, Adeílson Barros Meira e Aristóteles Macedo Filho — hoje, todos coronéis da Reserva Remunerada — foram os pioneiros sergipanos a integrar uma força internacional, composta por policiais de 29 países.
Eles fizeram parte do seleto grupo de 67 militares brasileiros, vindos de 15 corporações, que atuaram nessa missão histórica.
O cenário em Moçambique era de devastação, marcado por três décadas de conflitos — primeiro pela libertação do domínio português e, posteriormente, por uma violenta guerra civil. O resultado foi trágico: mais de um milhão de mortos, milhões de refugiados e uma infraestrutura nacional destruída.

Nesse contexto desafiador, a ONUMOZ foi estabelecida para garantir o cumprimento do Acordo Geral de Paz de 1992. O coronel Lobo [mantido como no original, presumindo que os detalhes seguintes são específicos dele] atuou como Oficial de Patrulha da Polícia da ONU na cidade de Quelimane, supervisionando delegacias e prisões. Além disso, serviu como Oficial de Ligação junto à Comissão Provincial de Eleições e como Observador Eleitoral Internacional nas primeiras eleições multipartidárias de Moçambique, em outubro de 1994.
Em suas memórias, o coronel Lobo relata a emoção de ser agente ativo no nascimento de uma democracia.”É indescritível a emoção de servir à Força de Paz da ONU. Chegar a uma aldeia remota e testemunhar, dentro de uma simples cabana, uma mesa de votação e assistir ao povo votando pela primeira vez.”
O sucesso da missão foi reconhecido internacionalmente. Na cerimônia de posse do presidente Joaquim Chissano, os integrantes da ONUMOZ foram agraciados com palavras de gratidão pelo alto nível de desempenho. Para a PMSE, ficou a certeza do dever cumprido e o orgulho de ter elevado o nome do Brasil e de Sergipe.
A Excelência no Timor Leste (2003)
O legado de pioneirismo estabelecido em Moçambique inspirou as gerações seguintes. No período de julho de 2003 a julho de 2004, o então capitão Álvaro Jorge Silva Carvalho representou Sergipe no Timor Leste, onde teve destacada atuação na Missão de Suporte das Nações Unidas.

O oficial foi selecionado entre militares de mais de 40 nações para exercer a função de Consultor Técnico na Seção de Recursos Humanos da Polícia Nacional de Timor Leste (PNTL) e, também, de instrutor da Academia de Polícia Nacional. Pelo seu excelente desempenho e bons serviços prestados em favor da paz no país, foi homenageado pela ONU.

Considerado um dos mais competentes oficiais da Corporação, Álvaro Jorge faleceu no dia 16 de abril de 2007, enquanto trabalhava como co-piloto de um helicóptero da Polícia Militar do Espírito Santo que caiu, com mais cinco pessoas, durante o transporte de órgãos para transplante. Em outubro do mesmo ano, o Governador de Sergipe, Marcelo Déda, promoveu ‘post-mortem’ o ex-capitão Álvaro Jorge ao posto de major da Polícia Militar de Sergipe, em reconhecimento à sua exemplar trajetória.
O Compromisso no Haiti (2012)
Em 2012, a PMSE voltou a marcar presença em uma missão de paz da ONU, desta vez na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH).

O então tenente Moisés Moraes de Souza, à época lotado no Batalhão de Choque, foi selecionado após um rigoroso processo seletivo para integrar a missão. A MINUSTAH tinha como objetivos estabilizar o país, pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e apoiar o desenvolvimento institucional e econômico haitiano.
Refletindo sobre a experiência, o hoje tenente-coronel Moraes, que atualmente comanda a Companhia Independente de policiamento com Cães da PMSE, destacou o valor da missão. “O ganho de experiência profissional em uma Missão deste porte é incalculável, tanto para mim como para a Corporação que represento. Tive a possibilidade de interagir com policiais de diversos países e, ao mesmo tempo, prestar ajuda humanitária aos irmãos haitianos em um momento crucial de transição.”
Um Legado que Perdura
A participação da Polícia Militar de Sergipe nas Missões de Paz da ONU é um testemunho da alta capacitação técnica, tática e humana de seus integrantes, e do compromisso da Corporação com os mais altos ideais de paz e justiça.
A semente plantada em Moçambique floresceu, criando uma tradição de serviço internacional que honra a instituição, o Estado de Sergipe e o Brasil. A PMSE segue, hoje e sempre, com o compromisso de formar profissionais de excelência, prontos não apenas para servir à sociedade sergipana, mas também para atender ao chamado global pela paz.
