Piauí debate desenvolvimento regional e megatendências globais em evento com Banco Mundial e Universidade de Lisboa
O auditório da Defensoria Pública do Piauí sediou, na tarde desta quinta-feira (6), o evento “Agenda de Desenvolvimento Econômico do Piauí: Planejamento, Convergência e Desenvolvimento Regional”, promovido pelo Centro de Inteligência em Economia e Estatística (CIET), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento do Estado (Seplan).
A iniciativa reuniu representantes do Banco Mundial, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Célio Campolina, e professores do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa em mesas-redondas que discutiram dados do relatório de desenvolvimento do Nordeste brasileiro e apresentaram megatendências globais até 2050, com foco no cenário piauiense.
A primeira mesa, intitulada “A Dupla Convergência: Econômica e Social no Nordeste Brasileiro”, contou com as participações de Karen Muramatsu, Cornelius Fleischhaker e Shireen Mahdi, economistas do Banco Mundial. O grupo apresentou resultados preliminares de um relatório em elaboração que analisa os avanços e desafios da região.
Segundo Shireen Mahdi, economista líder do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, o documento ainda não foi publicado, mas já aponta a importância de discutir, em nível nacional, temas como a reforma tributária, o desempenho econômico, o setor privado, a infraestrutura e o capital humano. “Essas discussões são fundamentais para alimentar o debate sobre o futuro do desenvolvimento regional”, destacou.
Complementando, Karen Muramatsu ressaltou que os dados evidenciam o avanço do Nordeste em indicadores sociais e econômicos. “O relatório mostra o quanto a região tem se aproximado dos níveis de desenvolvimento do Sul e Sudeste, num processo que chamamos de ‘convergência’”, explicou.
O economista sênior Cornelius Fleischhaker destacou o progresso do Piauí em infraestrutura e ambiente de negócios. “O estado está muito melhor do que há alguns anos. Abrir uma empresa hoje é muito mais rápido do que três anos atrás, e as melhorias na malha rodoviária são visíveis”, afirmou.
Na sequência, os professores Ricardo Ramos, Joaquim Caeiro e Paulo Simões, da Universidade de Lisboa, conduziram o painel “Megatendências Globais 2050: Impactos e Estratégias para o Piauí”. Eles apresentaram nove grandes tendências globais e discutiram estratégias para preparar o estado frente aos desafios futuros.
Para o professor Ricardo Ramos, a qualificação de servidores públicos é essencial nesse processo. “Os servidores são os corretores desse sistema; devem estar preparados para antecipar cenários e acompanhar as transformações do serviço público”, destacou, apontando o avanço tecnológico como fator determinante de mudança.
Já o professor Paulo Simões ressaltou o papel da inteligência artificial e o risco de desigualdades caso o acesso ao conhecimento não seja democratizado. “Sem educação, não há possibilidade de uso equitativo das novas tecnologias”, afirmou.
O secretário de Planejamento, Washington Bonfim, também participou do evento, destacando os resultados positivos da caravana “Diálogos pelo Piauí”, que percorreu os 12 territórios do estado em busca de um planejamento participativo e territorializado. “Cada oficina levantou, em média, 35 propostas por território, abrangendo sete eixos estratégicos”, explicou o secretário.
Encerrando o encontro, o economista, professor e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Célio Campolina, participou da mesa “Perspectivas Futuras para o Desenvolvimento do Piauí”. Ele enfatizou a importância do alinhamento do estado às grandes transformações globais. “O mundo passa por mudanças profundas, e o Piauí está se posicionando de forma estratégica, à frente de muitos estados brasileiros”, afirmou.
Campolina destacou ainda a relevância de compreender a realidade regional no contexto nacional. “Precisamos entender como o Brasil se insere nas megatendências mundiais e diagnosticar, com profundidade, a situação do Nordeste, que há mais de 60 anos é foco das políticas regionais”, concluiu.
