MPSE/GAECO-SE integra Operação Nuremberg para desarticular um dos maiores grupos neonazistas em atividade no Brasil

Publicado em: 31/10/2025 17:40

Ação em Sergipe cumpriu um dos 14 mandados judiciais em quatro estados contra a organização extremista “Misanthropic Division”, demonstrando a integração entre Ministérios Públicos

O Ministério Público do Estado de Sergipe (MPSE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), prestou apoio ao Ministério Público do Estado de Santa Catarina (MPSC) durante a Operação Nuremberg deflagrada às 6h desta sexta-feira (31), em Aracaju/SE.

A operação nacional teve o objetivo de cumprir 14 mandados judiciais em quatro estados: Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Sergipe, com cumprimento das ordens nas cidades de São Paulo/SP, Campinas/SP, Taboão da Serra/SP, Osasco/SP, São José dos Pinhais/PR, Curitiba/PR, Araucária/PR, Cocal do Sul/SC, Jaraguá do Sul/SC e Aracaju/SE.

Em Sergipe, a diligência teve como alvo único uma residência na capital sergipana e contou com o apoio operacional do Gabinete de Segurança Institucional (GSI/MPSE), da Polícia Militar do Estado de Sergipe (PMSE) e do Departamento de Sistema Penal (DESIPE) de Sergipe.

A Operação Nuremberg investiga a Misanthropic Division (MD), organização extremista de orientação neonazista com atuação em diferentes estados do país. A ação foi embasada em relatórios técnicos elaborados pelo Cyber GAECO do MPSC, que identificaram o investigado, residente em Aracaju, como integrante ativo do grupo.

Durante a diligência, foram apreendidos equipamentos eletrônicos e materiais de interesse investigativo, que serão encaminhados às autoridades competentes do Estado de Santa Catarina para análise pericial ou afim.

Perfil dos investigados 

As investigações revelaram que entre os integrantes do grupo há indivíduos com diferentes formações e ocupações, o que demonstra a capacidade de disseminação da ideologia extremista em diversos segmentos da sociedade. 

Verificou-se que parte dos investigados participava ativamente da produção e difusão de conteúdos de ódio em ambientes virtuais, utilizando-se de perfis falsos e fóruns voltados à propagação de ideias supremacistas. A atuação articulada e tecnicamente estruturada do grupo evidencia elevado grau de organização e planejamento das ações. 

Estrutura e funcionamento do grupo 

As apurações indicaram que o grupo mantinha encontros presenciais regulares, nos quais eram debatidos temas voltados à disseminação da ideologia neonazista e ao recrutamento de novos membros. Tais reuniões também serviam para o planejamento de ações e, em alguns casos, para a organização de confrontos com grupos ideologicamente opostos. 

Os integrantes se autodenominam skinheads neonazistas e adotam como símbolo o “Sol Negro”, emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana, tendo ao centro a figura de um fuzil AK-47. O símbolo, segundo a própria interpretação do grupo, representa a supremacia branca e a exaltação da violência, evidenciando a disposição para o uso da força como instrumento de imposição ideológica. 

As investigações também identificaram a existência de uma estrutura hierarquizada, com fichas de ingresso, produção de camisetas exclusivas e cobrança de mensalidades obrigatórias aos membros oficialmente “batizados”. As contribuições financeiras eram destinadas ao custeio de despesas internas, à aquisição de materiais de propaganda e à manutenção das atividades do grupo. 

Foi ainda constatada a realização de uma cerimônia de “batismo”, ritual de iniciação voltado à admissão de novos integrantes. Essa prática tinha como objetivo fortalecer os laços internos e reafirmar o compromisso com a ideologia extremista, constituindo elemento essencial para a coesão e expansão da organização. 

Com informações do MPSC

Fonte: Agência de Notícias do Estado de SE

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