Paraíba sedia oficina nacional sobre a Linha de Cuidado das crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus
A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Coordenação da Saúde da Criança e Adolescente, em parceria com o Ministério da Saúde, participou da 2ª Oficina de Fortalecimento da Linha de Cuidado para as crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV) e suas famílias, realizada nesta quinta (30) e sexta-feira (31), na sala 1 da Escola de Serviço Público da Paraíba (ESPEP), em João Pessoa.
O encontro, promovido pelo Ministério da Saúde, com apoio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reuniu representantes da SES, secretarias municipais de saúde e familiares de crianças afetadas pela síndrome. A oficina teve como objetivo fortalecer a Linha de Cuidado da Atenção Integral às Crianças com SCZV e suas famílias, por meio da troca de experiências, da análise dos desafios e da construção coletiva de estratégias de ação nos territórios.
Durante os dois dias de programação, vão ser debatidos temas como o mapeamento dos casos confirmados da síndrome, a qualificação das equipes da Atenção Primária e o acesso das famílias aos serviços especializados. Como resultado, os participantes vão elaborar um plano de ação estadual com propostas para aprimorar o cuidado integral às crianças com SCZV, reforçando a integração entre os níveis de atenção e o apoio contínuo às famílias.
De acordo com a coordenadora da Saúde da Criança e Adolescente da SES, Tatiane Ferreira, a oficina representa um avanço importante na consolidação da rede de atenção intersetorial voltada às crianças com microcefalia e suas famílias. Ela destacou que a construção dessa linha de cuidado envolve não apenas a saúde, mas também a educação, a assistência social e a participação ativa das famílias, por meio da Associação de Mães de Anjos da Paraíba (AMAP).
Segundo Tatiane, a Paraíba já desenvolve, há anos, ações voltadas a esse público, e o momento atual reforça e formaliza esse trabalho. “Essa oficina fortalece uma rede que já existe na prática e que agora se organiza de forma mais estruturada, com o objetivo de garantir um cuidado integral, contínuo e humanizado às crianças e suas famílias”, pontuou.
A assessora técnica da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (MS), Renara Guedes, destacou a importância da articulação entre os diferentes níveis de gestão do SUS para garantir o cuidado integral às crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus. Segundo ela, as oficinas fortalecem a integração entre estados, municípios e o governo federal, com foco na qualificação da Atenção Primária à Saúde — porta de entrada dessas famílias no sistema — e na interlocução com a atenção especializada e a vigilância epidemiológica.
“Esses encontros são fundamentais para refletirmos sobre como estão sendo cuidadas essas famílias, que há dez anos enfrentam uma rotina de luta e resistência. O objetivo é pensar e construir, juntos, um plano de ação que assegure uma atenção integral, contínua e humanizada para essas crianças e suas famílias no SUS”, afirmou.
Para a mãe de Henrique, de 10 anos, que nasceu com microcefalia e vice-presidente da Associação de Mães de Anjos da Paraíba (AMAP), Janine Santos, a oficina é uma oportunidade importante de diálogo entre as famílias, os gestores e os profissionais de saúde. Ela destacou que o espaço possibilita expor as dificuldades enfrentadas no cotidiano e buscar soluções conjuntas para aprimorar os serviços ofertados pelo SUS.
A vice-presidente da AMAP ressaltou ainda a necessidade de ampliar o apoio psicológico às mães e o acesso das crianças às cirurgias e tratamentos especializados, especialmente para as famílias que vivem no interior do estado. “A luta é diária, e esse acolhimento faz toda a diferença. Quando nos unimos em associação, fortalecemos umas às outras e conseguimos lutar com mais força por qualidade de vida para nossos filhos”, afirmou.
O evento reafirma o compromisso da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba em promover uma rede de atenção cada vez mais inclusiva e acolhedora, que valoriza o trabalho coletivo e coloca as famílias no centro do cuidado, garantindo dignidade e acompanhamento integral às crianças com SCZV em todo o estado.